Energias solar e eólica foram as mais competitivas em leilões do governo, mostra pesquisa

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O avanço na produção de energia solar em placas fixadas em telhados, fachadas e terrenos deve baratear a conta de energia elétrica em 5,6% em dez anos. É o que estima um estudo da consultoria especializada Volt Robotics, encomendado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e divulgado nesta terça-feira (21).

Os benefícios sistêmicos do avanço exponencial das placas fotovoltaicas em áreas urbanas e rurais, como a vista no Paraná a partir do projeto RenovaBR, somariam R$ 86,2 bilhões até 2031, caso o crescimento siga a previsão do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, de autoria do Ministério de Minas e Energia e da Empresa de Pesquisa Energética.

“A geração distribuída, nome dado a esse tipo de produção, saltará dos atuais 11GW de potência instalada para 37,2 GW em 2031”, diz Donato da Silva Filho, sócio fundador da consultoria. Segundo ele, o crescimento – e o desconto – pode ser ainda maior caso a multiplicação não ocorra de forma linear como os órgãos oficiais estimam, mas seguindo o ritmo de crescimento verificado até agora. “Para se ter uma ideia, saímos de 58 mil consumidores atendidos pela tecnologia em 2018 para mais de 1 milhão em 2022”, cita ele.

A maior responsável por esse crescimento, segundo Silva Filho, além da simplificação da produção de energia, que deixou de se limitar a grandes estruturas e, agora, pode ser feito por um painel em cima do telhado, foi a queda no custo de sua implementação. “Com o avanço deste mercado, o preço desse dispositivo caiu de US$ 7 mil o custo total de instalação de um sistema de 1KW para US$ 1 mil em dez anos”, diz ele.

Entre os benefícios da geração distribuída que impactarão nos valores futuros da conta de luz, segundo o consultor, estão a redução dos próprios custos de produção de energia, diminuição dos encargos setoriais, redução do risco de variação de preços de combustíveis (que afetam principalmente quando há necessidade de acionamento de termelétricas, como no caso de estiagem), a redução de perdas elétricas e ainda o alívio sobre a demanda no horário de pico, hoje entre 10h e 16h, justamente quando há maior capacidade e entrega de energia solar.

Diferença de preços e redução do efeito estufa
Também entra nessa conta a redução de preços promovida pela geração distribuída solar entre os submercados elétricos do Nordeste e Sudeste. Este intercâmbio tem um custo elevado, visto que uma região é grande produtora e, a outra, grande consumidora de energia. “Estimamos que esse custo seja reduzido em R$ 8,5 bilhões até 2031 com o avanço da energia solar, sendo responsável por uma queda de 1,5% nas tarifas dos consumidores”, fala.

A projeção de redução de emissão de gases de efeito estufa com o avanço desse tipo de produção de energia, segundo o estudo, também deve ser grande: nos cenários médios chega a 67 milhões de toneladas de CO2 até 2031 e, em caso de uma nova crise hídrica, com maior acionamento de termelétricas mais caras e poluentes, de 121 milhões de toneladas de CO2.

Instalação local, benefício global
Apesar de os cinco primeiros estados brasileiros no ranking da energia solar produzirem mais do que todos os outros estados juntos, não há previsão de proporcionalidade de benefícios a receberem pela grande geração compartilhada.

“Até o momento, esse ganho será rateado por todas as regiões: a instalação local irá trazer um benefício global. Por enquanto, o único ganho local pode ocorrer pela redução de perdas técnicas locais, que ajuda a descarregar, um pouco, o sistema”, diz.

Hoje, de cada 100 MWH elétricos distribuídos, 83 KWH chegam ao destino final. O presidente da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, citou durante o evento que a Lei 14.300/2002 (marco legal do setor) prevê benefícios locacionais a estados ou regiões que mais incentivarem o uso da geração distribuída na sua área. “Essa é uma oportunidade de corrida positiva dos estados pra ajudar no desenvolvimento da tecnologia na região que trará benefícios locacionais pra aquela população”.

Porém, esses benefícios devem ser definidos pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ainda não se pronunciou sobre este tema.

Fonte: Gazeta do Povo

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