Entre risco de apagão e aumento na tarifa, investir em energia solar pode ser a solução em MS

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Energia limpa ajuda a reduzir a emissão de gases poluentes e traz retorno em médio prazo para os consumidores

Não bastasse a pandemia da covid-19 e a desaceleração da economia, o Brasil volta a viver à sombra de possíveis apagões energéticos, os chamados ‘blecautes’, com cortes de luz temporários inclusive em Mato Grosso do Sul. Na segunda reportagem da série ‘Indústria pela Vida’, o TopMídiaNews mostra uma alternativa de energia limpa, que pode reduzir custos, proteger o meio ambiente e salvar a economia. 

O país passa, novamente, por uma crise energética de grandes proporções, ocasionada pela falta de chuva nas bacias das principais hidrelétricas brasileiras. Conectado ao SIN (Sistema Interligado Nacional), o Estado não tem autonomia energética nem pode prever quando ocorrerão os desabastecimentos, já que eles são realizados conforme a demanda e a sobrecarga momentânea do sistema.

Com a possibilidade de colapso, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) acionou a bandeira vermelha patamar 2 e permitiu mais um reajuste em 29 de julho, que representa cobrança adicional de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Segundo o presidente da Associação do Movimento Solar Livre, Hewerton Martins, a conta de luz pode ficar ainda mais cara, já que o governo federal estuda criar o patamar 3 e editar uma medida provisória para obrigar que os consumidores reduzam o consumo em 20%, com multas para aqueles que não cumprirem as metas.

Neste contexto, faz-se mais que necessário investir em novas fontes de energia e uma forma acessível para pessoas físicas e empresários é a energia solar, que vem se popularizando em Mato Grosso do Sul, inclusive com uma estação instalada numa área de 18 hectares em Jaraguari, com  5,7 MW de potência e capacidade para produzir energia suficiente para abastecer cerca de 7 mil residências populares.

Cidade Solar instalada em Jaraguari, a 55 km de Campo Grande – Foto: Chico Ribeiro/Portal MS

“A energia solar fotovoltaica é produzida nos telhados das casas durante o dia, aproveitando o sol, e preserva a água nos reservatórios, pois as hidrelétricas podem deixar as comportas fechadas durante o dia para gerar a energia à noite. Ela evita o uso da termoelétrica, que é uma energia mais cara e poluente”, explica Hewerton.

A energia solar é considerada uma fonte de energia limpa porque não emite gases de efeito estufa e evita emissão desses gases, como ocorre através da combustão do petróleo, carvão e gás, por exemplo. Além disso, não tem alagamento de áreas, aproveitando espaços que já estão degradados e telhados de casas e prédios.

Produção de energia distribuída

De acordo com Hewerton, existem duas modalidades de produção da energia solar. A primeira é a centralizada, como é realizada no Nordeste, em fazendas do Piauí e Paraíba, onde é produzido um grande volume de energia e são realizados leilões para a distribuição do produto.

A outra forma, mais comum em Mato Grosso do Sul, é a distribuída, onde a pessoa implanta uma pequena usina em sua casa ou empresa. De acordo com ele, além de economizar para si, esta pessoa diminui as perdas da rede, que representam 18% da conta de luz, ajudando a reduzir o preço da tarifa de toda a população daquela região.

Potencial de crescimento da energia solar é gigantesco – Arte: Associação do Movimento Solar Livre

Para quem deseja implantar o sistema, o SENAI Empresa oferece todo auxilio necessário para a instalação de placas fotovoltaicas. E, ao contrário do que parece, a orientação não está limitada apenas para empresários. Pessoas físicas também podem procurar o serviço, conforme explica o consultor do Programa Senai de Gestão Energética, do Senai Empresa, o engenheiro eletricista Sebastião Dussel.

“Fazemos a simulação da planta de geração necessária para suprir a demanda por energia elétrica da unidade consumidora entre o portfólio das energias renováveis, elaboramos o anteprojeto e consultamos preço com empresas parceiras para implementação dos sistemas de geração. Isso sem falar que temos os melhores preços e condições comerciais”, detalha.

Muitas pessoas acreditam que é possível zerar a conta de energia. No entanto, o consumidor sempre vai ter que pagar o chamado “custo de disponibilidade”, que é a tarifa mínima para estar conectado à rede da concessionária. Entenda:

– 30 kWh/mês para a ligação monofásica, o que representa, em média, R$ 26,00/mês, já com os impostos e encargos.

– 50 kWh/mês para a ligação bifásica, o que representa, em média, R$ 45,00/mês, já com os impostos e encargos.

– 100 kWh/mês para a ligação bifásica, o que representa, em média, R$ 126,00/mês, já com os impostos e encargos.

Mesmo pagando uma tarifa mínima, o produtor não pode revender o excesso de produção. No entanto, ele ganha créditos de energia. “Neste caso, sempre que a geração for maior que o consumo, o excedente fica como crédito no sistema elétrico da distribuidora, e o titular do crédito poderá utilizar quando o seu consumo for maior que a geração, dentro do prazo de até 5 anos”, explica Sebastião.

Outra alternativa, segundo ele, “é direcionar o excedente para outras unidades consumidoras, sendo necessário que elas estejam sob a mesma titularidade da unidade geradora, e informar a Energisa através de um formulário próprio para essa operação, qual o percentual do excedente que será direcionado para cada uma das unidades participantes do rateio”.

Uma dúvida bem comum é que, mesmo sendo verão praticamente o ano inteiro em Mato Grosso do Sul, o que ocorre nos dias de chuva. Nesta situação, o engenheiro explica que, assim como à noite, “é o momento de você resgatar o excedente da geração que está armazenado no sistema elétrico da distribuidora”. “Mas mesmo nos dias chuvosos, ainda assim, há sempre uma geração de energia elétrica pela usina solar, mesmo que seja ínfimo”, complementa.

Energia solar produz empregos. Mato Grosso do Sul está em 11º lugar no ranking nacional – Arte: Associação do Movimento Solar Livre

Quanto custa instalar uma usina solar em Mato Grosso do Sul?

E qual o custo mínimo para implantação de uma usina solar? Com a experiência de mais de 33 anos atuando no setor elétrico, Sebastião Dussel explica em duas partes:

“O investimento na implantação de uma usina solar é economicamente viável para quem paga uma fatura média mensal acima dos R$ 300,00, uma vez que nunca a fatura será zerada e haverá sempre o pagamento da taxa mínima, que é o custo da conexão da sua unidade consumidora com o sistema elétrico da distribuidora, cujo valor é de R$ 30,00 para uma ligação mofásica; R$ 50,00 para uma ligação bifásica; e, R$ 100,00 para uma ligação trifásica”, aponta.

Ele destaca, ainda, que a implantação de uma usina solar nem sempre está atrelada a redução do valor da fatura, pois muitas vezes o titular da fatura quer implantar por compromisso com o meio ambiente.

“O valor do investimento para implantar uma usina solar varia para cada nível de consumo e tipo de instalação. Quanto maior o consumo mais viável é, economicamente, a implantação de uma usina solar e, o custo da implantação varia de acordo com o tipo de instalação, que poderá ser no telhado do imóvel, em solo suportado por estruturas metálicas ou, tipo abrigo para estacionamento”.

Uma casa que gasta, em média, R$ 500,00 ao mês de energia elétrica terá que investir cerca de R$ 18 mil, se a instalação for no telhado da própria unidade consumidora, e o retorno do investimento ocorrerá em aproximadamente 4 anos. Se a ligação for um mercadinho de bairro, com valor da fatura em torno de R$ 3 mil ao mês terá que investir cerca de R$ 100 mil, e o retorno do investimento será de aproximadamente 3 anos.

De acordo com o engenheiro, na maioria das vezes não há nenhuma necessidade de adaptar as instalações elétricas da unidade consumidora para conectar a usina solar e, quando existe essa necessidade, é por questões de adequação no padrão de entrada ou no quadro de distribuição de energia elétrica do imóvel, e o valor é muito baixo em relação ao investimento na usina.

A geração distribuída é realizada em mais de 5 mil municípios brasileiros – Arte: Associação do Movimento Solar Livre

Quanto custa a manutenção de uma usina solar?

Já em relação à manutenção, o custo é ínfimo, não chegando a 1% do valor do investimento para se realizar anualmente a manutenção de uma usina de médio e grande porte, já que para as pequenas, sobre os telhados das casas, só ocorre quando chove.

A manutenção de uma usina solar consiste, basicamente, em limpeza das placas para retirar o excesso de poeira e fezes de pássaros, o que é feito apenas com água limpa, sem qualquer aditivo, reparo e reaperto das conexões dos cabos elétricos.

No entanto, neste ponto, Hewerton Martins, da Associação do Movimento Solar Livre, faz um alerta para que os interessados sempre procurem empresas referendadas no mercado, mesmo que novas, que possam garantir a manutenção. Ele destaca que muitos empresários contratam empresas de outros estados, que apenas fazem a instalação, e desaparecem em qualquer eventualidade.

Como fazer uma avaliação para instalar uma usinar solar?

O Senai Empresa ajuda disponibilizando profissionais de engenharia que poderão auxiliar os empresários e a população a dimensionar o tamanho da usina solar para atender as necessidades, parcial ou total, do consumo de energia elétrica do interessado.

Ele também realiza estudo econômico para avaliar a atratividade financeira do investimento, elabora e aprova o projeto junto a concessionária, consulta o preço de implantação junto à sua rede de empresas credenciadas que atuam no setor, acompanha a implantação da usina para constatar que o material aplicado é condizente com o projeto aprovado e se a mão de obra empregada atende aos requisitos técnicos exigidos.

Ao final da implantação, a instituição ainda realiza o comissionamento da usina para solicitar a vistoria pela concessionária e sua correspondente conexão ao sistema da distribuidora. Além disso, o próprio Senai disponibiliza para toda a população um simulador de energia fotovoltaica (http://www.simuladorsenai.com.br/) para que os interessados possam se informar sobre os custos e vantagens do investimento.

Serviço: os interessados podem obter mais informações pelo telefone (67) 3311-8533 ou pelo site www.senaiempresa.ms.senai.br/psge.

Para ficar de olho:

Os interessados na fonte de energia limpa e os cidadãos em geral devem ficar de olho também no Congresso Nacional. Lei em tramitação pode estabelecer uma taxa sobre a produção individual. Se quiser saber como votam os deputados de Mato Grosso do Sul e os detalhes do texto em votação, acesse: https://movimentosolarlivre.com.br/.

Abaixo, Hewerton Martins faz um alerta compra o aumento de impostos:

Hewerton Martins defende gratuidade da produção de energia solar (Imagens cedidas pela Associação do Movimento Solar Livre)

Fonte Top Mídia News

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