Proporção de mulheres que trabalham em cargos de tempo integral no segmento solar fotovoltaico é de 40%, mas a maioria atua em funções administrativas
Relatório publicado hoje (30/9) pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês) mostra que a proporção de mulheres que trabalham em cargos de tempo integral na indústria solar fotovoltaica é de 40% – quase o dobro da participação na eólica (21%) e no petróleo e gás (22%) –, mas a maioria (58%) atua em funções administrativas.
Em cargos técnicos como advogadas ou especialistas em aquisições, elas preenchem cerca de 38% das vagas.
Em funções relacionadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), a participação cai para 32%.
Enquanto nos cargos de liderança, mulheres ocupam 30% dos gerenciais e apenas 13% das gerências sêniores.
Com cerca de 4,3 milhões de postos de trabalho no mundo, a indústria de energia solar fotovoltaica é a que mais emprega no setor de energia renovável, mas corre o risco de excluir talentos essenciais para seu crescimento, caso não inclua uma lente de gênero nos negócios.
“As mulheres enfrentam desafios para entrada, retenção e avanço na força de trabalho de energia solar fotovoltaica. As barreiras mais proeminentes são as percepções dos papéis de gênero, a falta de políticas justas e transparentes e as normas culturais e sociais que moldam o comportamento”, aponta o relatório.
Eliminar essas barreiras é uma questão crítica.
Passa, inclusive, por mudanças em políticas públicas capazes de estabelecer um ambiente mais favorável à inserção e permanência das mulheres no mercado.
“A abordagem das questões complexas que as mulheres enfrentam exigirá uma maior conscientização de gênero; melhorar as políticas nacionais e remover leis restritivas; estabelecer melhores práticas, políticas e regulamentos no local de trabalho; e formação de redes e sistemas para apoiar treinamento e orientação”, enumera a Irena.
Diversidade
Com projeção de ter criado 12,7 milhões de empregos em 2021 e quadruplicar esse valor até 2050, a indústria renovável pode desempenhar um papel relevante na mudança de paradigma do mercado de trabalho.
Para isso, precisa avançar agora com programas de inclusão, e não só de gênero.
Dados do Índice de Equidade Racial Empresarial (IERE) mostram que, no Brasil, a representatividade de pessoas negras como colaboradores em grandes empresas
é, em média, de 29,6% – mais ou menos 17% homens e 13% mulheres.
A maior parte, aproximadamente 34,6%, ocupa cargos de menor aprendiz, estagiário e trainee.
“Esse é o quadro que vem se mantendo no Brasil há mais de três décadas”, comenta Raphael Vicente, diretor geral da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial.
“Quando se fala de aprendiz, há um bom tempo existe um número interessante de aprendizes negros. Quanto aos cargos de gerência e supervisão, os negros representam 15,8%. Diretoria e conselho de administração, 4%. Nos cargos de gerência e supervisão 10,3% são homens e 5,5% são mulheres negras”, completa.
Você viu? A iniciativa Sim, elas existem! divulgou uma lista com 400 mulheres indicadas pelo mercado com competências para exercer cargos de liderança em ministérios e agências reguladoras no próximo governo. No Backstage ROG 2022, Renata Isfer, fundadora da Petres Energia e co-criadora da iniciativa, conta como foi a formação da lista. Assista no Youtube!
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