A Pandemia, o Setor Energético e o Bobo da Corte

O Covid-19 impactou o setor de energia em todo o mundo. Embora seja difícil prever com precisão o impacto total no setor de energia, a queda pela demanda de energia, os preços declinantes e uma forte queda nos preços do petróleo já são observados. A soma desses fatores pode vir a impactar a transição energética global.

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O Covid-19 impactou o setor de energia em todo o mundo. Embora seja difícil prever com precisão o impacto total no setor de energia, a queda pela demanda de energia, os preços declinantes e uma forte queda nos preços do petróleo já são observados. A soma desses fatores pode vir a impactar a transição energética global.

No Brasil ainda é cedo para se avaliar o impacto que a pandemia gerou no setor de energia. O governo, como sempre, está empenhado em socorrer as distribuidoras de energia elétrica com mais um empréstimo bancário com garantia de “ativos regulatórios”, ou seja, deverá ser pago pelos consumidores com aumentos nas contas de luz, e ainda com mecanismos para evitar que clientes empresariais “escapem” do adicional tarifário simplesmente migrando para o mercado livre. Mais uma vez sobrou para os consumidores de energia mais um supositório enfiado goela a dentro.

A posição do governo ficou desenhada com a fala do ministro Guedes na reunião ministerial divulgada recentemente pelos meios de comunicação, onde ele disse em alto e bom som. “Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”. Ou seja, se já não bastasse as dificuldades que todo empresário passa diante dos efeitos da pandemia na economia, vem o ministro da fazenda matar as esperanças que restavam para quem esperava a tão prometida ajuda do governo.

E assim vem acontecendo na prática. O PL aprovado em regime de urgência que criou um programa de crédito para micro e pequenas empresas, teve pontos do texto vetado pelo presidente e voltou para avaliação do Congresso. Além disso, foram anunciados em todos os meios de comunicação vários bilhões em linhas de financiamento para as micros e pequenas empresas, mas na realidade era conversa para boi dormir. Não alcançou 5% aquelas empresas que conseguiram vencer todas as exigências dos bancos para conceder a tal “ajuda governamental”. Já para as grandes empresas, o dinheiro está sendo disponibilizado, com a garantia que nós consumidores de energia é que pagaremos a conta. É mole ou quer mais?

Mas vamos ser otimistas, nem tudo nos puxa para baixo. Recentemente o Brasil ultrapassou a marca de 5 GW (gigawatts) de energia solar fotovoltaica instalada no País. Destes 2,7 GW são de usinas centralizadas e 2,8 GW de usinas distribuídas. Embora os números sejam representativos, ainda estamos longe de explorar todo o potencial solar brasileiro, o que poderia atrair centenas de bilhões em investimentos tão importantes para o País, nesta época de pandemia.

Recentemente também foi divulgado pela BlombergNEF (BNEF), que a energia solar fotovoltaica se tornou a mais barata fonte de energia em grande parte do Planeta. Outro dado muito importante é que o armazenamento de energia através de baterias, tornou-se a tecnologia de construção nova mais barata para atendimento em horário de pico em regiões importadoras de gás.

Segundo a BNEF, o Custo de Referência Global de Eletricidade (LCOE) – que mede o custo total da produção de 1 MWh (megawatt-hora) de eletricidade, levando em consideração todos os custos envolvidos em sua geração – para a energia fotovoltaica em escala, alcançou US$ 50/MWh (dólares por megawatt-hora) em 2019. Enquanto isso, o LCOE de referência para armazenamento de energia através de baterias caiu para US$ 150/MWh, cerca da metade do que era há dois anos.

De acordo com as tendências atuais, o LCOE dos melhores projetos solares estará abaixo de US$ 20/MWh até 2030. Hoje, os melhores projetos solares no Chile, Oriente Médio e China, podem atingir menos de US$ 30/MWh. E há muitas inovações no pipeline que reduzirão ainda mais os custos.

Os números acima representam uma grande oportunidade para o fortalecimento de todo o segmento da energia solar no Brasil. Além de termos excelentes condições climáticas, o País dispõe de uma imensidão de áreas disponíveis, de baixo custo e baixíssimo impacto ambiental para implantação dos empreendimentos solares.

O Brasil conta ainda com um potencial gigantesco de aproveitamento da energia do sol nos telhados. A geração distribuída está apenas engatinhando, se aproximando de 3 GW (gigawatt) de potência instalada frente aos 170 GW a serem explorados utilizando unicamente os telhados brasileiros.

Mas, se dependermos do atual governo, continuaremos sendo os bobos da corte, ou seja, chamamos muita atenção, talvez façamos sorrir, mais ainda não despertamos ações que venham a tornar o Brasilo País do Sol.

Por Daniel Lima –
Economista, Empresário e
Liderança do Movimento
Solar Livre

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