Foto: Aline Massuca/COP30
Fonte: CBN
14 de novembro de 2025 – A COP30, em realização em Belém (PA), entrou para a história não apenas pelas discussões críticas sobre o futuro climático do planeta, mas também pela maior presença proporcional de lobistas de combustíveis fósseis já registrada em uma conferência da ONU. Segundo matéria da CBN e dados da coalizão internacional Kick Big Polluters Out, 1 em cada 25 participantes da cúpula do clima deste ano representa interesses do setor de petróleo, gás e carvão.
Ao todo, mais de 1,6 mil lobistas do setor fóssil foram credenciados — número que coloca em xeque a credibilidade das negociações e levanta suspeitas sobre a influência corporativa em decisões urgentes para a transição energética global. Se atuassem como uma delegação oficial, ficariam atrás apenas do Brasil, país-sede do evento.
A escalada da influência fóssil nas COPs
A presença de representantes do setor vem crescendo de forma contínua. Segundo a coalizão, já são cerca de 7 mil lobistas presentes nas conferências climáticas da ONU entre 2021 e 2025. A COP30 registrou aumento de 12% em relação à edição anterior em Baku, no Azerbaijão.
Liliana Buitrago, do Pacto Ecosocial del Sur, afirma que essa expansão revela “um modelo energético sombrio” e contribui para a “inação climática irreparável”.
Na última semana, o The Guardian revelou que 57% da produção global de petróleo e gás em 2024 veio de 90 empresas que enviaram grandes delegações às COPs nos últimos cinco anos.
França, Noruega e outros países do Norte Global levaram representantes da indústria fóssil em suas delegações oficiais, incluindo executivos de alto escalão.
ONU diz que medidas de transparência estão em curso
Em resposta às críticas, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) declarou que, desde 2023, vem adotando ações para melhorar a transparência na identificação dos participantes. Entretanto, ressaltou que cada país possui autonomia para decidir quem integra suas delegações, e que avanços estruturais exigem tempo.
Críticas à infraestrutura e segurança na COP30
Além da pressão por maior controle sobre a presença de lobistas, a COP30 também foi marcada por falhas operacionais e críticas da ONU ao governo brasileiro.
Um documento enviado por Simon Stiell, chefe da Convenção do Clima da ONU, apontou:
falhas no plano de segurança,
alagamentos durante chuvas,
equipamentos de ar-condicionado quebrados,
problemas estruturais em banheiros,
orientações contraditórias à Polícia Federal sobre intervenções em manifestações.
A invasão de um pavilhão da Zona Azul por manifestantes também agravou a preocupação internacional.
O governo brasileiro respondeu afirmando ter reforçado a segurança, ampliado o efetivo da Força Nacional e instalado novos equipamentos de climatização, negando parte das falhas estruturais apontadas.
Debates continuam sob pressão global
Nesta sexta-feira (14), a COP30 entra no quinto dia de debates com foco em:
energia,
indústria,
transporte,
comércio,
finanças,
mercados de carbono e gases de efeito estufa.
Ministros Fernando Haddad e Marina Silva participam do leilão do programa Eco Invest, voltado à bioeconomia e ao turismo sustentável na Amazônia.
Uma COP decisiva e sob vigilância
A COP30 já é considerada uma das edições mais decisivas das últimas décadas — e também uma das mais controversas.
Com a crescente influência de grupos fósseis e desafios logísticos, aumentam os questionamentos sobre a capacidade global de avançar na transição energética e proteger os compromissos climáticos já firmados.
Enquanto isso, organizações da sociedade civil pedem urgência, coerência e uma mudança real no modelo energético global.
🔗 Leia a matéria completa: https://cbn.globo.com/coberturas/cop30-amazonia/noticia/2025/11/14/ongs-criticam-maior-presenca-da-historia-de-lobistas-dos-combustiveis-fosseis-durante-a-cop30.ghtml
